terça-feira, 5 de março de 2013

Qual o nível de segurança dos laboratórios NB-4?




Há pouco mais de dois meses, no final de dezembro de 2012, foi inaugurado em Pune, na Índia, o primeiro laboratório de Nível de Biossegurança 4 do sudeste asiático.
O laboratório do Centro de Contenção Microbiológica (MCC) de Pune passou por reformas para tornar-se um laboratório de Nivel de Biossegurança 4, NB-4, ou BSL-4, sigla em inglês.
Um laboratório NB-4, segundo as diretrizes do Center for Disease Control and Prevention (CDC) de Atlanta, Estados Unidos, é necessário para a manipulação de agentes exóticos e perigosos que representem alto risco de transmissão de infecções por aerossóis e doenças mortais a indivíduos.
Com o inicio das atividades em Pune, os cientistas desta região poderão avançar nas pesquisas de viroses como SARS, Nipah, Hanta vírus e influenza aviária.
A inauguração do laboratório em Pune, no entanto, nos remete a questionamentos publicados recentemente sobre o quão seguros de fato são os laboratórios de contenção biológica atualmente em atividade em vários continentes.
Nos Estados Unidos, os laboratórios mantidos pelo governo devem seguir diretrizes específicas para impedir que microorganismos de risco possam escapar da contenção, mas estas regras não são obrigatórias para pesquisadores que trabalham com capital privado.
Se um laboratório que recebe verbas do governo nos Estados Unidos viola as diretrizes, o CDC pode cortar o aporte de dinheiro, “mas não pode nos fechar”, diz um cientista: “não tenho muita confiança na nossa biossegurança neste momento”
Em outros países, os requisitos de segurança variam bastante, dizem os especialistas.
Questionamentos sobre biossegurança - impedir que microorganismos perigosos sejam liberados de laboratórios – e biosseguridade – impedir tentativas de elementos mal intencionados de liberar ou roubar os patógenos – são a linha de frente para as autoridades de saúde em nível mundial.
Experimentos realizados com o vírus da gripe aviária em laboratórios da Universidade de Wisconsin, EUA, e no Centro Médico Erasmus, em Rotterdam, Holanda, foram alvo de controvérsia recentemente, uma vez que estas instituições criaram, independentemente, formas mutantes destes vírus em laboratórios  NB-3 e não NB-4, como os cientistas acreditam ser necessário.
Os laboratórios de Nível de Biossegurança 3, NB-3, são instalações onde são manipulados agentes que podem causar infecções sérias e potencialmente fatais, mas com vacinas ou terapia disponíveis.
Globalmente, laboratórios NB-3 tem sido ou estão sendo construídos em Bangladesh, Indonésia, China, Brasil e México, entre outros países, segundo o Conselho Nacional de Pesquisa americano, NRC. “No entanto, vários países têm pouca ou nenhuma regulamentação” conclui o NRC.
Laboratórios NB-4 também estão proliferando. Segundo um antigo membro do Conselho de Relações Exteriores em Nova Iorque, no momento há uma corrida para a construção de instalações NB-3 e NB-4, “Ter uma instalação destas é uma marca de sofisticação nacional. Mas a propagação destes laboratórios permite a proliferação irrestrita dos microorganismos mais perigosos”, conclui.
De fato, patógenos perigosos têm escapado de laboratórios de alta segurança: entre 1978 e 1999, cerca de 1.200 pessoas adquiriram infecções em laboratórios NB-4 no mundo; 22 casos foram fatais. Desde então, trabalhadores de laboratórios morreram por Ebola e SARS, ou por síndromes respiratórias severas adquiridas.
Em 2007, ladrões tentaram roubar patógenos animais de um laboratório indonésio, segundo soube o NRC. 

Saiba mais em 

http://www.reuters.com/article/2012/02/15/us-health-biosecurity-idUSTRE81E0R420120215